Na Umbanda, desde seu início, os guias espirituais, ao se manifestarem em seus médiuns, comentavam sobre as sete linhas e isso gerou uma série de teogonias espirituais porque, por causa do sincretismo já muito antigo, os orixás eram associados aos santos católicos. Não foi a Umbanda que criou o sincretismo porque ele foi um recurso dos escravos, oprimidos e proibidos de cultuar seus deuses tanto pela igreja quanto pelos senhores brancos, que temiam as práticas fetichistas trazidas por eles da África. Então, que fique claro que a Umbanda não criou o sincretismo dos orixás com santos católicos. Mas ela se serviu, e ainda se serve, dele por que seus fundadores (os primeiros umbandistas) acharam cômodo usá-lo e dele se servirem, pois todos eram oriundos do catolicismo, então predominante, e que perseguia todas as manifestações espirituais de mesa branca, umbandista ou afro-brasileira (Candomblé). Foi muito cômodo se servir do que já era corrente no Candomblé e no espiritismo, misturar tudo e criar uma nova religião. Por ser cômodo deixou a porta aberta para a especulação, e seus primeiros autores criaram tantas interpretações que o caos se estabeleceu muito rapidamente entre as várias correntes ou “escolas”, fundadas por pessoas movidas pela boa vontade, mas muito individualistas, sendo que cada um quis impor a versão de “sua” Umbanda. Um achava uma coisa, outro descobria outra, e todos lutaram para impor sua interpretação como a ideal para os umbandistas. Hoje, quase um século após o início da Umbanda, ainda não há um consenso quanto à teogonia umbandista e tudo continua à espera de uma codificação ampla e que acomode todas as correntes umbandistas, fazendo com que deixem de recorrer ao sincretismo religioso e que todos cultuem os orixás com seus nomes originais adaptados à nossa língua e modo de reverenciá-los e oferendá-los.
— Os nomes das divindades que formam a teogonia de Umbanda são os mesmos que tinham nos cultos de nação, e os que se fixaram com mais facilidade são nomes iorubas, já conhecidos aqui desde o século XVII, mas que, por meio da Umbanda, são conhecidos hoje nacionalmente até pelos adeptos das outras religiões.
— Enfim, os quatorze orixás planetários assumiram, na Umbanda, suas denominações iorubas. E foi assim que, pouco a pouco, foram se fixando na mente e no coração dos umbandistas, já que ela nasceu dentro dos cultos de nação e foi se destacando e assumindo feições próprias por que incorporou como naturais as práticas de incorporação de espíritos de índios, de velhos sacerdotes africanos, de encantados infantis, de Exus e Pombagiras, e de espíritos oriundos de outras partes do mundo, todos congregados na nascente religião espiritualista.
— Esses quatorze orixás planetários pontificam as sete irradiações divinas, já polarizadas em pólos ativos e passivos; masculinos e femininos; positivos e negativos; irradiantes e absorventes; universais ou cósmicos. Esses orixás são divindades de Deus e independem de nós para existirem e serem o que são: mistérios manifestadores de qualidades divinas, encontra das n’Ele.
— Sete irradiações divinas; sete orixás planetários; sete linhas de forças; quatorze orixás naturais regendo-as.
OS SETE ORIXÁS SÃO: OS SETE ORIXÁS PLANETÁRIOS SÃO:
• Orixá da fé (OXALÁ) • Orixá da Fé ou Cristalino
• Orixá do amor (OXUM) • Orixá do Amor ou Mineral
• Orixá do conhecimento (OXOSSI) • Orixá do Conhecimento ou Vegetal
• Orixá da justiça (XANGO) • Orixá da Justiça ou ígneo
• Orixá da lei (OGUM) • Orixá da Lei ou Eólico
• Orixá da evolução (OBALUAE) • Orixá da Evolução ou Telúrico
• Orixá da geração (IEMANJA) • Orixá da Geração ou Aquático
Os quatorze orixás naturais que regem os aspectos ativos e passivos positivos dos orixás planetários são estes:
• Oxalá — rege a fé
• Oyá Tempo — rege a religiosidade
• Oxum — rege a concepção
• Oxumaré — rege a renovação
• Oxóssi — rege o conhecimento
• Obá — rege o raciocínio
• Xangô — rege a justiça
• Egunitá — rege o equilíbrio
• Ogum — rege a ordem
• lansã — rege o direcionamento
• Obaluaê — rege a evolução
• Nanã Buruquê — rege a maturidade
• lemanjá — rege a geração
• Omolu — rege a estabilidade